Ela, do alto do seu poste de concreto,
Nua em sua beleza crua, ser indiscreto.
Decreto a ti meu amor: enjaule-me aos beijos seus
O eterno acabou. Eu vou, mas resta o Adeus.
Ela, em prantos latentes de dor incontrolável,
Afável ser em desatino a beijar o intocável brilho
Do fogo da minha estrela no céu e morro outra vez
Talvez certo de que o tempo consuma minha aridez
Ela, do alto de seu poste de concreto
Nua em sua beleza crua, meu afeto
Pronta para agarrar minha estrela de fogo, decerto.
Corpo ereto ao parapeito intrépido, bem alto.
Sobressalto profundo e um simples adeus ao mundo
Eu, do alto de minha estrela de fogo,
Louco, a velar o balé frio da queda do corpo.
Ela do fundo do poço de pedra, olha a lua,
Nua em sua beleza crua, a juntar-se à dela.
Flutua em queda-livre com um sorriso feito
No peito que pulsa o pronome do sujeito:
Eu, do alto da minha estrela de fogo.
Ela, do fundo do poço de pedra,
Entrega-se a morte para quem sabe
Reencontrar a sorte de amar pela eternidade.