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Manto de Sangue

Publicado: maio 25, 2012 em Uncategorized

O alvorecer de Monte Claro surgiu em tons agourentos naquele início de inverno, um vermelho discreto envolvia o sol como uma coroa de sangue, suscitando as mais diversas especulações entre os moradores do vilarejo. As crianças corriam pelas ruas de lama dirigindo-se para a praça do mercado, mas deram de ombros. Não haveria nenhum enforcamento naquele manhã. O cadafalso estava vazio e somente os cachorros famintos rosnavam entre si disputando um osso seco. Nem mesmo, os camponeses do subúrbio deram-se ao trabalho de ir ao mercado para vender leite, manteiga e ovos. Somente, os alguns cavalos, carroças e comerciantes passavam, movimentavam-se como os donos da rua, aquele dia perdeu o brilho e o comércio foi praticamente nulo. O sol avançava e as ruas tornavam-se cada vez mais desertas.

Pés apressados foram vistos toda a manhã na direção oposta ao mercado. Seguiam em procissão rumo a Igreja de São Jerônimo. O véu de sangue que coroava o sol causara temores e alguns habitantes de Monte Claro julgavam ser um sinal divino. Era como se a fúria de Deus caísse sobre a cabeça dos pecadores, anunciando o grande dia. A Capela de São Jerônimo nunca esteve tão apinhada de fiéis, tantos que os olhos do Padre Ignácio perderam a conta naquela manhã.

– Hoje, será um dia exaustivo! Agradeceria se tivessem vindo apenas para rezar, mas ao que parece hoje é dia de confessionário. – tartamudeou o Pr. Ignácio fazendo o sinal da cruz, após selar sua fé com um beijo no crucifixo. – Pensando bem! É uma boa oportunidade de barganhar alguns pecados por moedas de ouro. – disse desenhando no rosto um leve sorriso, sem esconder seu gosto pelo metal.

Misturavam-se dentro do Templo Sagrado pessoas abastadas, camponeses, comerciantes, crianças. Praticamente toda a cidade escolheu aquele dia para falar com Deus, aclarar seus atos e explicitar seus vícios. Alguns nobres e comerciantes mais necessitados de perdão e menos confiantes de sua absolvição, carregavam debaixo das vestes de algodão certo número de moedas de ouro, tantas quanto achavam ser justo alienar pelos pecados.

Os sinos tilintavam compassadamente sempre que se exauria o dia. Já era o sexto toque desde o alvorecer e o sol estava a pino. Nesse momento um tumulto instaurou-se dentro da sacristia. Fiéis discutiam entre si reivindicando o direito de entrar no confessionário, desrespeitando a longa fila formada desde que o manto agourento surgira no firmamento. Foi nesse momento que uma mulher de longos cabelos negros, que se encontrava na frente da Igreja, disparara uma sonora gargalhada, tão sinistra que chegava a arrepiar a espinha de todos os ali presentes.

– É chegada a hora em que nem mesmo seu Deus será capaz de salvar suas almas. Não pensem que ele vos irá protegerá. As portas de Sanheim foram abertas. Não existem mais barreiras, eles logo estarão livres para transitar neste mundo. Rezem, rezem seus tolos, pois o fim está próximo. – vociferou do pórtico da Igreja, Anet Crowler, enquanto rasgava suas vestes, deixando à exposição o belo corpo. Os seios fartos pareciam duas maças perfeitamente redondas e a cintura era tão fina que hipnotizava qualquer cavalheiro a procura de sua donzela.

– O demônio está tentando seduzir os homens. Vejam! Ela carrega o diabo dentro de si. Bruxa! Bruxa! Queimem a bruxa! Não a deixem escapar. – gritava a multidão que se amontoou para ver cena.

A verdade é que ninguém sabia se ficava na sacristia para se confessar ou se acendia seus archotes para iniciar a perseguição. Todavia, Padre Ignácio não podia deixar tamanho insulto passar despercebido e, em seguida, pronunciou:

– Peguem a bruxa! Não deixem que cuspa e escarneça diante dos olhos de Deus. Ela ousa desafiar a glória do Pai e por isso deverá ter sua alma purificada pelo fogo. E aquele que apanhá-la terá todos os pecados perdoados pelo generoso Senhor. Eu intercederei pela alma de quem a capturar.

Nesse momento, a multidão corria pelas ruas atrás de Anet Crowler, a nave da Igreja, que estava totalmente apinhada, exauriu-se quase que imediatamente, restando apenas o Padre Ignácio. Até mesmo, as crianças perseguiram a bruxa, esquecendo-se que todas elas têm as almas mais puras aos olhos de Deus. Anet Crowler cruzava as ruas de lama freneticamente, não com medo do fogo, mas para zombar dos algozes em seu encalço. Passava pelas vielas entre as casas de madeira e de pedras que circundavam a praça do mercado, procurando tornar a caçada mais emocionante. No entanto, logo ela se cansou da brincadeira e deixou-se capturar. Não sem antes disparar outro motejo zombeteiro. Dessa vez, a gargalhada foi mais sinistra que a de outrora.

Ela foi capturada por um pobre camponês, Julian Novex, um jovem de apenas 25 anos que aparentemente não carregava um fardo de pecado tão pesado. Por isso, o senhor Eliot Ginburg, grande comerciante de Monte Claro, que se encontrava ao lado do jovem no momento da captura pressionou o frágil braço de Julian e encarou-lhe as petecas verdes, como se dissesse que precisava muito ser perdoado. Talvez tivesse razão, o senhor Eliot era tão avarento que seus criados costumavam dizer no mercado que ele comia um pernil de porco até restar apenas os ossos e guardava-os para engrossar o caldo do ensopado do outro dia. Realmente, ele é do tipo de homem que estava longe de conhecer a grandeza da obras de caridade. Foi quando Eliot sacou uma bolsa com um punhado de, não menos que, quinze moedas de ouro e depositou-a no bolso de Julian que imediatamente deixou que Eliot conduzisse a bruxa. Logo atrás, dirigia-se Padre Ignácio que tratou logo de pronunciar a absolvição dos pecados de Eliot em praça pública, em troca de alguns padre-nossos e outras ave-marias.

A paliçada de madeira logo estava formada, nunca uma fogueira fora tão rapidamente erguida. E do alto da pilha de madeira erguia-se um mastro central de carvalho nobre, do qual estava presa a jovem Anet Crowler. Ela encarava cada senhor e cada senhora ali presentes. Sua pele branca como a neve era tocada incessantemente pela brisa gelada do inicio do inverno. Já soava a décima badalada no sino da Igreja de São Jerônimo e em pouco tempo o sol por-se-á a dormir. A mulher de olhos negros e de expressão sisuda não demonstrava nem um pouco de medo. O rosto oval e o queixo fino harmonizavam com a avermelhada boca carnuda e o nariz arrebitado. A nudez despertava o desejo masculino como se seu corpo fosse uma arma da qual soubesse perfeitamente utilizar.

Alguns garotos amontoavam-se e acotovelavam-se na fileira da frente para não perder o espetáculo das chamas. Naquela manhã não houvera nenhum enforcamento, eles sempre eram os primeiros a chegar, gostavam de ver quando sumia o chão aos pés do moribundo e despencavam até a corda quebrar-lhes o pescoço. Quando o condenado não tinha sorte, morria lentamente, agonizando por asfixia enquanto o rosto arroxeava-se, por vezes chegava a horas de sofrimento. Porém, aquele dia reservava outro espetáculo: o balé das chamas.

Do alto da paliçada, Annet encarou uma senhora que segurava um crucifixo, apontando-o em sua direção. A bruxa mirou decididamente e expeliu com toda força um bloco de saliva que acertou o rosto da senhora. Annet escarneceu mais uma vez diante de todos, lançando outra risada medonha.

– Vejam! O sol e seu manto de sangue, o manto de todos aqueles que foram mortos injustamente em nome de seu Deus. É chegada a hora de abrir os portões do outro mundo. As colheitas perderão o brilho, a seca alastrar-se-á por todo o inverno, em suas mesas apenas vento e em suas barrigas a fome.

– Cale-se em nome de Deus, demônio! Eu lhe ordeno: volte para as profundezas do inferno. Seu lugar não é aqui. – professou o Padre Ignácio destacando-se no meio da multidão. O Padre apontou seu crucifixo em direção à bruxa e começou a rezar um padre-nosso. Em segundos, a multidão em coro forte e uníssono acompanhou a voz do pároco de São Jerônimo.

A expressão forte de Annet começou a mudar, ela contorcia-se no mastro de carvalho, desenhando no rosto uma expressão agonizante como se aquelas palavras queimassem seu corpo por dentro. Ela ria desdenhosamente, ao mesmo tempo em que gritava de forma seca. Seus olhos, aos poucos,  foram transformando-se num vermelho espectral e a face foi metamorfoseando-se estranhamente.

Logo, seu rosto e pele alva foram enegrecendo-se de tal forma que a população ficou horrorizada. Um par de chifres de bode abrolhava diante dos olhos de todos; dentes serrados e pontudos, além de orelhas grandes e pontudas surgiram no corpo da mulher. A paliçada de madeira fora acesa por todos os moradores de Monte Claro que, imediatamente, lançaram seus archotes sobre o feixe de lenha. A madeira crepitava rapidamente, nem mesmo o frio daquele inverno impediu a madeira de chamuscar.

Nesse momento, soava a décima segunda badalada no sino da Igreja. Era exatamente o momento em que o sol começava a dar sinais de cansaço, dando lugar a noite que se erguia lentamente, encharcando-se no manto sangrento do sol que se punha. A lua nascia maculada pelo avermelhado do sol de outrora. Foi nesse instante, que além do rosto, o corpo frágil daquela mulher também começou a mudar de forma. Seu corpo foi aumentando de massa, rasgando o nó das cordas que a mantinha presa, um imenso par de asas demoníacas e um longo rabo negro surgiu de seu corpo.

O fogo não foi suficiente para queimar o demônio que saltou sobre a cabeça de todos e partiu na direção do Padre Ignácio. Voou sobre a multidão e com um dos pés sorrateiros agarrou o crucifixo e com o outro agarrou a bíblia na outra mão. Ambos os objetos foram lançados ao fogo.

Ela e Eu

Publicado: setembro 25, 2011 em Uncategorized

Ela, do alto do seu poste de concreto,

Nua em sua beleza crua, ser indiscreto.

Decreto a ti meu amor: enjaule-me aos beijos seus

O eterno acabou. Eu vou, mas resta o Adeus.

Ela, em prantos latentes de dor incontrolável,

Afável ser em desatino a beijar o intocável brilho

Do fogo da minha estrela no céu e morro outra vez

Talvez certo de que o tempo consuma minha aridez

Ela, do alto de seu poste de concreto

Nua em sua beleza crua, meu afeto

Pronta para agarrar minha estrela de fogo, decerto.

Corpo ereto ao parapeito intrépido, bem alto.

Sobressalto profundo e um simples adeus ao mundo

Eu, do alto de minha estrela de fogo,

Louco, a velar o balé frio da queda do corpo.

Ela do fundo do poço de pedra, olha a lua,

Nua em sua beleza crua, a juntar-se à dela.

Flutua em queda-livre com um sorriso feito

No peito que pulsa o pronome do sujeito:

Eu, do alto da minha estrela de fogo.

Ela, do fundo do poço de pedra,

Entrega-se a morte para quem sabe

Reencontrar a sorte de amar pela eternidade.

Monotonia

Publicado: setembro 7, 2011 em Uncategorized

Meu pés descalços, enterrando meus passos

Mas o que faço?  Me jogo no espaço

do abismo do céu?

Descendo os degraus do inferno:

que caos, que mistério.

Ah! Como eu quero saber o que há

debaixo dos pés.

Só não me chame pra viver no céu

monotonia não me agrada

 

 

 

 

Veneno

Publicado: julho 27, 2011 em Uncategorized

Não há flores, odores, que dissipem o perfume teu

Só há dores, rumores.

Amores que nunca viveu.

Ah! Quero o vento, levando,

varrendo, teu perfume-veneno

à procura do meu.

Ah! Cadê você que nãos mais me envenena,

Com tuas respostas postas à venda

E tua língua engolindo o céu meu.

Historiadores

Publicado: maio 30, 2009 em Uncategorized

Tá fazendo falta

um papo-cabeça

na mesa do bar !!!

E o violão,

passando de mão em mão,

enquanto o papo rola

O alcool brisa a visão.

Historiadores onde vocês estão?

Historiadores onde vocês estão?

Vinhos e violões …

Eu tow sargeta, jogado no chão,

filosofia de buteco

é vinho e violão.

Historiadores onde vocês estão?

Historiadores onde vocês estão?

Procurando A PALAVRA.

Publicado: fevereiro 28, 2009 em Uncategorized

Falar é fácil, já escrever … Duvida? Então encare as palavras de frente. Te garanto que elas lhe respondem à altura. São mestras na arte de esconder-se. Quantas vezes passei alguns minutos procurando “A palavra”, aquela cuja lacuna era de essencial necessidade. Mas não !! Naquele momento não quis saber de mim. Perdi tempo, mas continuei naquele ritual: parado com cara de bobo esperando, esperando, esperando mais um pouco. Enfim, tempo é coisa rara nesse mundo de correria. Resolvi trair aquela palavra, a culpa é dela me deu um bolo. Esperei e nada. Meti chifre mesmo!! Troquei-a pela primeira palavra que apareceu a mente.  E olha que não me arrependi, a consicência nem ficou pesada. É como se diz: palavra é que nem biscoito, vai uma e vem oito, dezoito … vinte e oito, basta rimar!!! Mas meesmo assim. Sabe quando você sente que fez besteira. Pois é, acabei de perceber. Naquele momento segui meu instinto. Afinal minha relação com as palavras é de ultragamia, é natural. Preciso de muitas pra me satizfazer. Será que é alguma disfunção hormonal? Pode ser, mas idaí? Com as palavras é o seguinte: só depois que experimentar é que se pode dizer se ela serve ou não. Justamente o que fiz: provei e sem moderação.

Mas mesmo assim o efeito não era o mesmo. Aquela era “A palavra”. Eu sentia isso, mas era bom falar baixo. Quando elas se sentem valorizadas ficam mais difíceis. Alguns dizem o contrário, cafajestes à parte (eu não me incluo neste grupo) prefiro a primeira a segunda opção. Com certeza já ouvi falar que a diferença entre o remédio e o veneno é apenas sua dose. Nesse ponto tal afirmação é verdadeira: elogiar demais é furada. Foi o que aconteceu. Aquela palavra tava se achando. Sumiu e me deixou chupando o dedo. E quando eu mais queria ela por perto: sumiu. Tava eu lá naquele ritual parado com cara de bobo esperando … E olha que elas adoram fazer isso: deixar a gente esperando. O pior é que a gente nunca se acostuma, e acaba com cara de bobo reclamando que isso não se repetirá. E olha aí, estou aqui novamente fazendo o que mais tenho feito ultimamente: esperar. Muito chato. O problema sabe qual é? É que quando ela aparece as gente faz as pases muito rápido, é chato isso. Todo aquele sentimento da espera parece que não serviu de nada. O sorrido que cobria a face inteira desarmava qualquer sinal de insatisfação. Ela vinha, aproxivama-se e pronto: era só love. Love mesmo, e falo sem vergonha nenhuma. Foi por elas que eu esperei a vida toda. Só não sabia se eu ia aguentar esses sumissos repentinos. (pausa para coçar a cabeça).

Embora a tentativa frustrada de substituí-la não tenha dado muito certo, percebi que tinha algo mais entre nós. Eu não queria admitir mas aquela palavra me deixou louco, que ela não ouça. Mas pouco me importa a essa hora, esse charme todo, ela deve tá rindo do besta procurando por ela. Finalemente resolve aparecer, veio na minha mente aos poucos, fazendo charme, como sempre !!! Então rescolvi gritar de imediato para ter certeza de que não iria me escapar novamente:

– Te amo.

Jamis diria isso a alguem: te a amo meu “AMOR” você é a palavra !!!

A palavra que faltava no meu dicionário …

Escravos

Publicado: março 29, 2008 em Uncategorized
Alienação
Abstração
Presos no espaço e no tempo,
Idealistas utopistas
Liberdade existe?
Escravos livres,
Pensamentos manipulados
Robôs …
Máquinas orgânicas
Servidão Coletiva
Liberdade Idealizada.
Presos, livres.
Escravos de si mesmos
Século I e XXI
O que mudou?
Nada se tudo.
Nós escravos …
escravos de nós.
Da liberdade ao cárcere
 Do cárcere à ilusão.
Acordemos ou
Sonhemos acordados.
Acorde
para um novo pesadelo,
ou sonhe um sonho
que lhe jaz sob o colo
da eternidade.
Lá se vai …
Lá se vão …
Escravos !?

O Velho quadro na Parede

Publicado: fevereiro 10, 2008 em Uncategorized

Era o quadro da parede, simples e velho. A paisagem, o tempo se ecaregara de moditicar. O certo é que era o mesmo quadro, ainda que amarelado pelo duro golpe do tempo. Mesmo assim aquele quadro ainda tinha muito a dizer: simples e velho. Por mais que os olhos se pusessem ali em frente à cena, o ar impregnado de poeira incistia em dizer muito de sua velharia. Como era simples e velho, retirei-o da parede resolvi jogá-lo fora. Pronto!!! A parede agora parecia sorrir um sorrirso mais alvo, sem aquele tom amarelado.

A parede talvez pudesse sorrir mais de agora em diante. No dia seguinte, a parede continuava a sorrir; e no outro, a parede continuava a reluzir seu brilho. Mais um dia passou, e no mesmo lugar do quadro a paisagem mudara outra vez. Agora, as pessoas contemplavam o sorriso da velha parede. Passavam ali e paravam sem falar nada, apenas observavam boquiabertas e sem voz, sem movimento. Será que havia algo de errado com a parede? Ou seu novo sorriso, alvo e reluzente, atraíra novos olhares.

Havia algo de errado com a parede? A verdade é que ela em si não era o problema, mas o que deveria estar nela.

Aquele quadro nunca fez tanta falta quanto fazia naquele momento. Porque será? A paisagem que o quadro trazia em si era uma casa, uma casa antiga, e preenchida por pessoas da mesma família. Ela representava a única lembrança da infância de todos. Por um instante todos pareciam que eram órfãos sem história.

O quadro novamente fora colocado na parede. A rotina e o tempo fizeram todos esquecer daquele pedaço de história pendurado nela e novamente era um quadro simples e velho.

A Beleza do Morto

Publicado: fevereiro 10, 2008 em Uncategorized

Morreu. Morreu mesmo. O corpo estirado ao sol confirmava as lamentáveis suposições. Vozes anunciavam o triste episódio. Era só mais um morto, balbuciavam algumas vozes quase sem nitidez como se pusessem a observar de longe. Embora a cena fosse chocante as pessoas não se assustavam. Mais e mais gente aproximavam-se, cotovelos e cotoveladas, corpos espremido a contemplar o corpo. Aquele sol do meio dia parecia um incomodo imperceptível, em meio a tal cena. Eis a beleza do morto. Cinco minutos são suficientes para fazer do corpo uma celebridade. Fotógrafos, jornalistas, fofocas e marocas espalham as notas tristes do fúnebre acontecimento. Até no noticiário de TV o morto estava a dar o ar de sua desgraça. Nunca em vida aquele homem imaginou deter tanta fama. banalizaram a vida de tal forma que a morte também já foi banalizada. Eis novamente a beleza do morto, o ar da desgraça que que passa despercebida e esquecida em mais cinco minutos. Morreu … outra vez !!!! e outra e outra.

Hello world!

Publicado: fevereiro 10, 2008 em Uncategorized

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